Mãe de prematuro, um desabafo
- Belle Castillo
- 5 de out. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de fev. de 2019
Eu podia começar o texto falando como a maternidade é linda, só que não. Eu amo demais meus filhos, mas olha, ser mãe é um negócio desesperador.

Se você é mãe e não trabalha fora, você tem vontade de se tacar pela janela porque cuidar deles integralmente é muito difícil, talvez o trabalho mais difícil de todos.
Se você é mãe e trabalha fora, você morre de culpa por todos os problemas que seu filho adquire na vida, até as felicidades viram motivo de culpa por não poder estar presente sempre.
Agora... se você é mãe de uma criança prematura que a cada virose quase precisa ir pro CTI, cara, vamos chorar juntas porque não tá fácil.

Eu era uma mãe super presente pra tudo, mas após meu filho convulsionar nos meus braços e eu ter a certeza que ele tava morrendo, não consigo mais lidar com o choro dele sem achar que ele está morrendo novamente. Por conta disso, e de outras coisas práticas nas nossas vidas, o pai ficou muito mais presente e ativo na vida dele e eu acabo não tendo espaço para maternar, ou ao menos me sinto assim.
Culpas não cabem aqui, mas o fato é que esse é o cenário atual. Um filho de 18 meses que não aceita dormir no meu colo, que ao chorar por algum motivo não consigo mais acolher da mesma forma que antes e que quando fica doente demanda muito mais do pai do que de mim (não que eu quisesse ser a principal, inclusive deusa me free, mas queria que fosse uma divisão justa entre nós).
Sou uma mãe em crise, e talvez você não se identifique exatamente com essa história, mas aposto que a parte da crise te toca. Porque não dá pra ser mãe e não estar em crise, motivos e problemas diferentes nos rondam, mas estamos sempre culpadas.
No meio desse caos interno ainda tenho outro filho pra cuidar, trabalho e faculdade pra dar conta. Vocês conseguem ser mães e mais alguma coisa de forma plena ou só eu não consigo?

Sinceramente, esse texto era pra falar de prematuridade, doenças respiratórias e como lidar e evitar internações desnecessárias, mas eu não poderia escrever meu primeiro texto aqui sem dizer o quanto é pesado existir sendo mãe. Inclusive, era pra eu ter entregue esse texto ontem, mas não deu. Era pra eu estar cuidando do meu casamento falido, mas também não me sinto disposta e tudo que tenho vontade de fazer é chutar o balde e viver nas montanhas sozinha (uma montanha com wifi e água quente).
Queria encerrar com dicas de sobrevivência em caso de doenças:
Tenha uma rede de apoio, cuidar de criança sozinha é uma tarefa semi impossível
Tenha uma pediatra humanizada, atualizada e que atenda emergência por telefone (ok, isso é uma dica bem elitista, mas de fato faz bastante diferença, então quem puder...)
Tenha sempre em casa – Soro, nosefrida (para aspirar o nariz da criança), anti térmicos e álcool (porque ser mãe de criança doente, só bebendo).
Até o próximo texto, atrasado claro. *Lívia Branco é Doula, educadora perinatal, consultora de amamentação e feminista até os ossos.
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